Friday, August 2, 2013

Oral sex

Este é um dos melhores textos que já li sobre o assunto.
Roubado daqui merece ser lido! Menino de Sua Mãe:

Os Cinco Sentidos: Esta Semana Prova-se (E Lambe-se, E Chupa-se)



Pensei falar esta semana sobre gastronomia mas decidi abordar um tema mais importante e bastante mais negligenciado: o sabor dos órgãos sexuais das pessoas.

Em termos fisiológicos, o pénis e a vagina são zonas mucosas nas quais são permanentemente produzidas secreções. Mesmo convenientemente lavados e limpos a anteriori, produzem-se secreções durante o acto sexual que os dotam de um sabor característico, que varia de pessoa para pessoa, e mesmo na própria pessoa ao longo do tempo, segundo flutuações do metabolismo e até da alimentação.

Tenho para mim como verdade que, da mesma maneira que gostamos ou não gostamos do sabor de algum alimento, é teoricamente possível não gostarmos do sabor dos órgãos sexuais de alguém, ou de ninguém, ou de alguém em determinadas alturas da vida.

Ora falando de sexo oral, o sabor obviamente que não é tudo - a motivação para o sexo oral pode ter múltiplas origens, e normalmente tem. Pode até ser em alguns casos uma alternativa à cópula, mas isso é tema para outra altura. Pensemos no sexo oral para já como parte integrante de um acto sexual mais alargado.

Pode fazer-se sexo oral apenas como forma de dar prazer ao outro - por razões altruístas ou de reciprocidade; pode ter-se genuíno prazer e tesão em ver ali da primeira fila o prazer do outro, ver a tesão do outro e saber que somos nós que o estamos a provocar; há até pessoas para quem o sexo oral ainda é uma coisa "diferente" do "normal" e que extraem disso especial prazer. Mas que papel joga o sabor em tudo isto?

Não sei se alguém faz sexo oral apenas pelo sabor (a modalidade "ah, apetecia-me tanto um duchése, mas não tenho... ó Luííís, anda cá um instante!"). Mas o certo é que o sabor pode ter uma influência - positiva ou negativa - no prazer que se retira de fazer um broche ou um minete a alguém.

Há quem goste de fazer sexo oral apesar do sabor, e há quem goste especialmente do sabor, e haverá certamente pessoas para quem o sabor seja irrelevante. E há pessoas que nos sabem ou souberam melhor que outras. Há pessoas cujo sabor conseguimos recordar de forma viva e nítida, que nos provocam a mesma intensidade de memórias gustativas (e olfactivas, o olfacto é parte tão integrante do sabor) que o nosso prato preferido ou um vinho memorável.

Perdoarão que fale mais daquilo que mais conheço: quando se gosta do sabor de uma mulher, do sabor da vulva de uma mulher, as suas nuances, a evoluçao do sabor à medida que a excitação aumenta e os fluidos se libertam, os cambiantes das diferentes zonas da vulva, do clitoris, da vagina, a textura, que com o odor faz tão parte da sensação de sabor como o paladar em si, a brutal alteração de sabor e consistência no momento do orgasmo, tudo isto faz do minete uma actividade das mais gratificantes. Se somarmos a isto a tesão que o minete dá a uma mulher que dele goste, se entendermos que pode haver tanta ou mais cumplicidade num minete do que noutra coisa qualquer, que é possível cumplicidade e entendimento num acto em que um não fala porque tem a boca ocupada, em que ninguém se olha nos olhos porque a posição não dá, mas ainda assim duas pessoas se entendem e constroem um minete juntas (não se faz um minete sozinho - quem já tentou fazer um a alguém que não estava sequer lá para o receber sabe perfeitamente do que estou a falar), o minete é uma coisa que dá tesão a quem o faz, que dá muita tesão a quem o faz.

Mas falávamos do sabor.
Como na comida, há gostos para tudo.
Há quem goste de pénis e de vaginas limpinhos e a cheirar a lavado.
Há quem goste do contrário (sim, "não tomes banho quando chegares a casa do trabalho, que eu quero fazer-te um minete" pode ser uma SMS erótica para algumas pessoas e em alguns contextos).
Há relatos de pessoas que evitam ou procuram certos alimentos para dar nuances de sabor especial aos fluidos vaginais ou ao esperma.

Mas, acima de tudo, há quem nunca fale disto.
Há pessoas que nunca disseram a ninguém "gosto do sabor do teu caralho na minha boca", "a tua cona sabe tão bem". Pessoas que nunca disseram "vai lavar-te num instante, que eu queria chupar-te mas tens um cheiro intenso que me perturba".

Há muita gente que não fala de sexo, que não diz o que quer, que não diz do que não gosta. Nao estou a advogar, longe disso, que se tenha de falar de sexo em termos técnicos, ou planear posições (o que também pode ser giro, mas é quando se está para aí virado), ou fazer exercícios especiais para melhorar certas vertentes do desempenho sexual (mais uma vez, se alguém achar isso giro e erótico, acho muito bem que o façam). Mas é simples ir dizendo do que se gosta, dizendo do que se não gosta. Não tem de ser "uma conversa", do género "Manel, temos de falar", é algo que pode ir acontecendo, e especialmente que pode ir acontecendo na cama (ou na mesa, ou nas escadas, em lugar da preferência ou conveniência das pessoas). É que "não, com os dentes não" não é só assim uma frase que se calhou a dizer. Pode bem ser parte do percurso no qual aprendemos as preferências do outro.

Mas falávamos de sabor.
O sabor é algo que não tem muito a ver com a técnica, mas que pode ser um problema em alguns casos.
E da mesma maneira que muita gente não fala sobre sexo, também não fala sobre o sabor. Acredito que haja quem prefira esquivar-se ao sexo oral do que assumir "não gosto do cheiro da tua cona, por isso não quero pôr lá a boca". E que, se calhar, com uma conversa, duas pessoas adultas, um banho e um frasco de gel, era coisa para se resolver e para abrir todo um novo horizonte de possibilidades.

Curiosamente há muita gente com grande relutância em falar do corpo e em falar do corpo do outro, a menos que seja em termos elogiosos. Criticar o corpo ainda é mal aceite por muita gente, especialmente porque o corpo é difícil de mudar. Frases como "não acho grande piada às tuas mamas", "o teu pénis é dos mais pequenos que já vi, e ainda por cima é tão fino que em certas posições mal o sinto", ou o simples "cheiras mal" são raras no diálogo da maior parte dos casais. Ao início, porque sentem que ainda não há intimidade ou confiança para dizer coisas destas (é um paradoxo que se ache que há intimidade para se foder "à canzana" (e até dizer "vou foder-te toda, à canzana, sua ganda maluca!"), mas não há intimidade para lhe dizer que tem o cu muito magro e os ossos da bacia dela nos magoam quando batem nos nossos). Depois do início, ja há confiança, mas há coisas que não se disseram e já não se dizem, para não se levar uma resposta do género "mas andas-me a chupar os mamilos há dois meses e agora é que te deu para achar que são pequenos??". Traumatiza-se gente por menos.

Mas falávamos de sabores, e os sabores acabam, como o corpo, por entrar nesta grande categoria dos temas não abordados. Quem gosta, fala, quem não gosta, cala em vez de debater ou de sugerir.

O que fazemos aqui é também serviço público.
Não sugiro que vão a correr falar do assunto, se têm alguma coisa a dizer. Depende muito do espírito do vosso parceiro. Se quiserem, mandem-o cá ler este post e debatam depois o assunto, assim como quem não quer a coisa. Digam-lhes que isto é um blog literário disfarçado de casa de alterne, que só cá vêm por causa da cultura (que é uma coisa roxa que nós cá temos), mas que de vez em quando saem estes posts sobre imundices, assim à traição. E que este foi um desses. "Anda cá ver o que estas pessoas escrevem na Internet, Fernando. Há com cada maluco..."

Alternativamente, fiquem a saber que já se vende por aí há muito tempo gel lubrificante comestível com sabor a coisas variadas, tipo morango, chocolate, e assim.

Mas isso, para quem gosta realmente de minetes ou de broches, e do sabor da cona ou do caralho de quem chupa, é como pegar num soufflé de trufas negras e atascá-lo de ketchup. Mas pronto, na cama, cada um sabe de si.

1 comentários:

Estrela said...

Eu, que sou assumidamente fã dos sabores, achei este post fantástico. Haja abertura de mente para falar, explorar e.....degustar, muito!

Beijo *Estrela*do*