Desde que me lembro, sempre disse que não queria casar.
Não sei porque, mas a ideia de ser casada e de estar para sempre com um homem nunca me fascinou.
Nunca tive muitos exemplos negativos. Os meus pais estão casados há anos. Os meus avós viveram anos e anos juntos sem estarem casados e aos 70 casaram e fui a menina das alianças. Só a minha madrinha era solteira e de bem com isso. Mas não foi dela que a vontade de não casar veio.
Anos e anos depois, sendo o bom cordeiro (como sentia que era diferente dos outros e ainda não achava que isso fosse bom, seguia os outros) dizia que queria casar, ter filhos, tudo!
Chegou o grande amor da adolescência e era com ele que iria casar. Ideia primitiva e idiota. A primeira desilusão.
Os anos da rebeldia. A revolta contra as normas e por fim a descoberta do feminismo e de uma identidade.
Comecei por devorar o feminismo radical. Aquele que dizia que o casamento é uma arma do patriarcado para subjugar as mulheres e fazê-las viver de acordo com um estereotipo de servidão e submissão ao homem. Em muito contribuíram as aulas de latim, que mostram a verdadeira face do casamento.
Chegaram os anos da faculdade e uma nova descoberta do feminismo. Deixou de ser radical. Continuei a ver o casamento da mesma forma, mas aceitar que os outros casem.
Consigo ser feliz porque a minha melhor amiga quer casar na igreja, de branco e ter tudo a que tem direito.
Já eu, se antes me opunha completamente ao casamento, hoje tenho uma opinião diferente.
Posso até casar. Não é uma coisa que deseje, ou que se quer esteja nos meus planos, mas é uma hipótese que consigo contemplar.
Não cedo, no entanto, a um casamento na igreja. Não sou religiosa. Oponho-me veemente a isso e não quero pactuar com, o que para mim, é uma hipocrisia.
Não quero um vestido branco. Sempre disse que o meu sonho era casar de vermelho, com um vestido que possa voltar a usar para não desperdiçar dinheiro.
Não quero ser entregue por ninguém a ninguém, não sou propriedade.
Não quero gastar rios de dinheiro em fotógrafos e maquilhagem (já chega o que gasto agora em make-up).
A minha melhor amiga diz que vou fazer tudo aquilo que digo que não vou fazer. Ela acredita mesmo nisto. Ainda acredita mais, depois de lhe ter enviado este artigo: "Where did my feminist wedding go?"
Concordo com algumas coisas que a autora diz. Concordo que muito do que se faz é simplesmente para agradar aos outros e para não sermos julgados.
Mas se é, supostamente, o dia mais feliz da minha vida, não deveria ser como eu quero?
Dito isto, espero não me transformar numa "crazy bride". Assisti a uma colega preparar o casamento durante um ano.
Levou-nos à loucura.
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