Dizem que não há amor como o primeiro e para mim ainda bem.
O meu primeiro amor, como o de muita gente, não foi correspondido. Partiu um coração pequenino e foi terrível.
Sim, o meu foi assim. Só que com pormenores que anos depois entendi.
Pois bem, estava eu ainda no Jardim de Infância quando o vi. E ele era o miúdo mais giro de toda a turma. E tinha um nome super fofo. it was love at first site. Mas como não éramos da mesma sala, não houve muito convívio e ele foi ficando esquecido. até que chegamos ao primeiro ano e ele era da minha turma. E aí sim, things got serious. As miúdas não o largavam. Claro que nos intervalos as miúdas queriam estar com ele e algumas conseguiam.
Eu era o patinho feio. Inteligente, mas muito alta para a minha idade, demasiado desenvolvida e gordinha. Ou seja, só me conseguia aproximar dele através de amigas.
E já nessa altura ele tinha consciência do poder que tinha e ia jogando com isso.. Comigo era ajuda para fazer os trabalhos de casa. E eu ajudava. (Era nova e estúpida).
Fomos para o 5º ano e continuei na turma dele. Mas algo mudou. A escola era maior, existiam rapazes mais velhos, mais giros e outros até que se tinham desenvolvido mais que ele e eram muito mais atraentes. E o amor, pelo meu primeiro amor, acabou.
Mas antes disso, e como já disse eu era a ajuda com os trabalhos de casa. Mas isto só na escola e longe dos olhares da mãe. E sendo ele o miúdo mais giro da turma, eu não era a única interessada. E havia miúdas bem giras, só que essas não tinham dinheiro, tal como eu. Portanto, quando cheguei ao quinto ano a ficha caiu. Eu até podia ser a miúda mais gira à face da terra, no money, no deal.
Eu cresci num meio onde a maioria das pessoas viviam em casas térreas, não muito grandes, muitas até viviam nas celebres ilhas e não tínhamos muito dinheiro. Não que vivêssemos mal, só não tínhamos os luxos que ele tinha e a mãe fazia questão de nos esfregar isso na cara.
Todos os cartões enviados no dia dos namorados, todos os convites rejeitados para aniversários, todas as vezes que ele no intervalo me virava as costas e me partia o coração, achava eu, era por não ser bonita.
Até ao dia em que me juntei à equipa de andebol e ele à de futebol e no final do treino quando estava a falar com ele e a mãe dele o veio buscar e depois de alguns passos ouvi: "eu já te disse para não dares confiança a gente como aquela?".
E foi isto verdadeiramente que me partiu o coração de 9 anos. Saber que nunca ia ter hipóteses de estar com ele, não por ser o patinho feio, mas porque a mãe dele não queria o filho com alguém de um nível inferior.
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