Saturday, June 16, 2007

São 22:22!
Aqui sentada, vejo as hora... As horas que parecem dias; os dias que parecem meses; e os meses que parecem anos!
A chuva cai! Sinto-me tão velha. Só passaram 10 minutos, e no entanto, sinto que passaram anos!
Olho para trás e vejo tudo, sinto tudo!
Quantas vezes tropecei na mesma pedra, porque percorri o mesmo caminho? Quantas pessoas magoei? Quantas esqueci?
De repente, estou no poço! E olho à minha volta! Negro! Tudo negro! Não há escadas ou cordas! E não tenho asas! Do alto, contemplam-me aqueles que me querem ajudar! Mas não posso! Não lhes posso pedir para descerem até mim! Voltariam a sujar-se! E eles que já conseguiram tanto!
Deixo-me ficar! Flutuo! Olho para cima! Só vejo o negro da noite! Tenho um único destino...
Acordo! É meia-noite. Um sonho ou...

Friday, June 15, 2007

Grito

Grito

"Cedros, abetos,
pinheiros novos.
O que há no tecto
do céu deserto,
além do grito?
Tudo que é nosso.

São os teus olhos
desmesurados,
lagos enormes,
mas concentrados
nos meus sentidos.
Tudo que é nosso
é excessivo.

E a minha boca,
de tão rasgada,
corre-te o corpo
de pólo a pólo,
desfaz-te o colo
de espádua a 'spádua.
São os teus olhos.
Depois, o grito.

Cedros, abetos,
pinheiros novos.
É o regresso.
É no silêncio
do outro extremo
desta cidade
a tua casa.
É no teu quarto
de novo o grito.

E mais nocturna
do que nunca
a envergadura
das nossas asas.
Punhal de vento,
rosa de espuma:
morre o desejo,
nasce a ternura.
Mas que silêncio
na tua casa!"